PARIS - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, afirmou nesta sexta-feira, 8, que a transferência da embaixada americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, como anunciado pelo presidente Donald Trump na quarta-feira, provavelmente não acontecerá em menos de dois anos.
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"Não é algo que vai acontecer este ano e provavelmente nem no próximo, mas o presidente (Donald Trump) quer que avancemos de forma concreta e determinada", disse Tillerson depois de um encontro em Paris com o ministro francês de Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.
O chefe da diplomacia americana estima que este é prazo mínimo para que o governo americano encontre e compre o terreno onde instalará sua nova representação no país, elabore os projetos para a construção do prédio, consiga as autorizações necessárias com o governo de Israel e, de fato, erga sua nova embaixada em Jerusalém.
No começo da semana, antes mesmo de Trump confirmar o reconhecimento da cidade sagrada como capital de Israel e oficializar a transferência da embaixada, fontes da Casa Branca já se antecipavam e diziam que a mudança poderia levar até três ou quatro anos para ocorrer.
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Na entrevista, Tillerson também afirmou que a mudança revelada por Trump nesta semana "não é uma indicação do status final de Jerusalém".
"Em relação ao restante de Jerusalém o presidente (Trump) não indicou nenhum status final para Jerusalém. Ele foi muito claro que o status final, incluindo as fronteiras, seria deixado para as duas partes negociarem e decidirem", completou o secretário de Estado.
Le Drian, por sua vez, ressaltou que o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense é um dos pontos em que os dois países discordam, mas garantiu que EUA e França "são aliados históricos" e, como tais, dizem as coisas "com franqueza e serenidade" um para o outro.
Mais cedo, antes do encontro com Tillerson, o chanceler francês havia dito que os Estados Unidos se excluíram como mediadores do processo de paz do Oriente Médio em razão em razão da mudança em relação à Jerusalém.
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"Eu ouço alguns, incluindo o sr. Tillerson, dizer que as coisas vão acontecer a tempo, que a hora é para negociações. Até agora, eles poderiam ter tido um papel de mediação nesse conflito, mas agora se excluíram um pouco. A realidade é que eles estão sozinhos e isolados nesta questão", afirmou Le Drian, à rádio France Inter.
A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel irritou os palestinos e provocou uma série de protestos na Cisjordânia, na Faixa de Gaza em diversos países da região.
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